São Paulo - Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) apontam que, embora o Brasil tenha melhorado suas notas, seu desempenho ficou abaixo do esperado. As notas mostram que a média do País subiu 33,7 pontos de 2000 a 2012. No entanto, do exame anterior - realizado em 2009 - para o ano passado, a diferença na média geral foi de apenas 1 ponto.
A prova é aplicada a cada três anos para alunos de 15 anos dos 34 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), considerados de primeiro mundo, e outros países convidados, como o Brasil, que participa desde 2000. As áreas do conhecimento avaliadas são Matemática, Ciência e Leitura. A cada edição do exame, uma área é enfatizada - nesse último, Matemática foi o foco.
No País, em 2012, quase 20 mil alunos fizeram a prova, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A novidade no País foi a aplicação de testes em meio eletrônico a uma subamostra de cerca de 4.000 alunos.
Por causa do desempenho abaixo do ideal, o País continua ocupando um dos últimos lugares na lista de países: entre os 65 avaliados, o Brasil ocupa a 58ª posição. Junto com Turquia, México, Chile, Portugal, Hungria, Eslováquia, Polônia e Cazaquistão, o País aparece no relatório como um dos países com contextos socioeconômicos mais desafiadores. Entre todos esses países listados, contudo, é o que está em último lugar.
Segundo os dados divulgados, a performance do Brasil em Matemática, leitura e ciência melhorou desde 2003 - de 356 pontos em 2003 para 391 pontos em 2012. Desde 2000, os pontos de Leitura melhoraram 1,2 pontos por ano e, desde 2006, os pontos de Ciências aumentaram em média 2.3 pontos por ano. Os alunos que possuem as piores médias melhoraram a sua performance em cerca de 65 pontos - o equivalente, segundo a OCDE, a mais de um ano e meio de aprendizado.
No entanto, o maior problema do País na prova é o baixo nível de proficiência dos alunos nas três áreas do conhecimento avaliadas: 0% atingiram o nível 6, o mais avançado do aprendizado. Já a maioria ficou entre os piores níveis.
Segundo Ocimar Munhoz Alavarse, especialista em educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), o País ainda tem muitos alunos com baixo desempenho nas áreas avaliadas. "Quando a gente olha o Brasil nos resultados desse Pisa, não só a média geral é baixa como tem muita gente concentrada abaixo do nível adequado. Esses alunos que saem do ensino fundamental e são avaliados pela prova acabam tendo o desempenho que se espera de um aluno do 5º ou 6º ano".
Em Matemática, por exemplo, 67,1% dos alunos avaliados alcançaram somente até o nível 1, o mais baixo - eram 69% em 2010. Isso quer dizer que eles não conseguem ir além dos problemas mais básicos, têm dificuldade de aplicar a matemática, e, na avaliação da OCDE, nem tiraram proveito de uma educação mais avançada. Cerca de 2 a cada 3 estudantes brasileiros estão abaixo do nível 2 em Matemática (em 2003, 3 a cada 4 estavam nesse nível).
Em Ciências, 53,7% atingiram até o nível 1 - entenderam apenas o óbvio e têm enormes dificuldades para manejar conceitos científicos básicos. Em leitura, 75,3% se concentram entre os níveis 2 e 3.
A diretora executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz afirma que, para melhorar as médias, é preciso reforçar a educação dos alunos com piores notas e garantir que aqueles que tenham notas medianas passem para o nível de excelência. "Sem isso, não melhoramos a nota no Pisa e nem teremos produção de valor agregado feita aqui", reforça.
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