Fundação Lemann e Itaú BBA analisaram seis escolas de cinco estados.
Outras estratégias bem sucedidas são planos de metas e reforço escolar.
A
Escola Municipal Professora Suzana Moraes Balen, de Foz do Iguaçu (PR),
foi uma das selecionadas para o estudo (Foto: Reprodução)
Especialistas em educação visitaram seis escolas brasileiras para descobrir como cada uma delas conseguiu fazer com que seus alunos atingissem um nível de aprendizado considerado adequado. A pesquisa em campo resultou em um estudo que aponta iniciativas comuns encontradas nas escolas, localizadas nas cinco regiões do país. Publicado em dezembro, o estudo "Excelência e equidade: As lições das escolas brasileiras
que oferecem educação de qualidade a alunos de baixo nível socioeconômico", coordenado pela Fundação Lemann e pelo Itaú BBA, tenta identificar os motivos por trás dos êxitos de escolas públicas de Tocantins, Rio de Janeiro, Goiás, Ceará e Paraná.
Segundo o coordenador de projetos da Fundação Lemann, Ernesto Martins Faria, as práticas observadas durante as visitas não são novidade. A principal delas é a valorização dos professores, responsáveis finais pela educação das crianças. Outras políticas conhecidas são a elaboração e execução de planos de metas, o acompanhamento contínuo do trabalho do professor e do rendimento do aluno, além do reforço escolar.
"As políticas que a gente encontrou nas escolas não são muito desconhecidas. Mas saber como elas conseguiram implantar essas políticas é importante", afirmou Faria ao G1.
As escolas foram selecionadas a partir de um grupo de 215 instituições da rede pública de ensino fundamental I (com turmas do primeiro ao quinto ano) que passaram por diversos filtros.
Os pesquisadores buscaram primeiramente escolas com alunos do mais baixo nível socioeconômico. A partir deste grupo, as instituições foram filtradas de acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que deveria ser igual ou acima da meta para 2022 estipulada pelo governo (no fundamental I, a meta é 6). Elas ainda precisavam ter participação de pelo menos 70% de seus alunos na Prova Brasil, exame do Ministério da Educação que avalia a proficiência dos estudantes em português e matemática.
Além disso, o filtro da Prova Brasil exigiu que 70% dos alunos da turma que fizeram a prova alcançassem o nível de proficiência considerado adequado, e não mais que 5% dos alunos ficassem no nível considerado insuficiente.
Os requisitos avaliaram também a evolução dos resultados da escola em todas as edições do Ideb e selecionou aquelas que tiveram desempenho consistente.
Professores valorizados
Ao contrário do que se espera, as integrantes deste seleto grupo não são de um modelo diferente das milhares de escolas públicas brasileiras, que sofrem com problemas estruturais impossíveis de um diretor ou secretário municipal resolver sozinho.
O economista explicou que mesmo nas escolas consideradas casos de sucesso os professores estavam insatisfeitos com os planos de carreira e os níveis salariais. Outros fatores que dificultam o desempenho da turma, como a defasagem no aprendizado que os alunos trazem de séries anteriores, também foram encontrados nas visitas.
"Quando você pensa nas mudanças estruturais necessárias, mesmo que elas não sejam feitas, as escolas investem em outros fatores. É importante pensar como avançar no aprendizado dadas as condições existentes", afirmou ele.
No caso da valorização dos professores, as estratégias encontradas nas escolas incluem dar destaque aos professores que estão se saindo bem. Um exemplo citado por Faria é convidar um professor que consegue ensinar um conteúdo como ninguém para dar uma palestra de formação continuada aos colegas.
No Ceará, segundo ele, o governo estadual premia as melhores escolas, que passam a ser conhecidas como "escola nota dez". Segundo ele, isso ajuda a aumentar a autoestima e o orgulho de quem estuda e trabalha lá. "É um nome até um pouco bobo, mas você pensa no quanto se sente bem quando ouve a escola ser chamada assim."
A implantação de metas também pode ser feita de forma eficaz quando os gestores conseguem fazer com que os professores não sintam que a meta é um mecanismo de punição para quem ficar abaixo, e sim uma maneira de valorizar o que está sendo feito de bom. "Se não conseguir passar essa mensagem para o professor, você não vai conseguir implementar a meta direito", explicou Faria.
Fonte: g1.globo.com/educacao/noticia/2013/01/escolas-que-melhoraram-resultados-valorizam-professores-diz-estudo.html
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