Na última quinta-feira, chegou às redações dos noticiosos da Capital cearense, nota do Ministério Público estadual, da parte do Núcleo de Defesa da Educação, dando conta de uma reunião, programada para o dia seguinte, sexta-feira, com representantes dos Conselhos Tutelares e chefes dos Distritos de Educação das Secretarias Regionais, para discutirem os números da evasão escolar, em Fortaleza, considerados excessivos. Pelo apurado, um total superior a 23 mil jovens fortalezenses não renovaram suas matrículas para as aulas da escola pública municipal, no corrente ano.
Nenhum reparo a fazer. Ao contrário. Mas a prevenção, contra qualquer mazela, sempre será muito mais eficiente para a sociedade e ao próprio indivíduo, ao final, a maior vítima. Atualmente, um universo de 230 mil estudantes, número apresentado como oficial, formado por crianças e jovens fortalezenses está abandonado, e de certa forma, pela omissão de muitos, tangidos para a marginalidade. Eles estão sem aulas por conta da greve dos professores municipais.
Discutir a paralisação dos mestres, suas razões e legalidade, é um capítulo à parte. Agora, a preocupação é com as consequências negativas para esses jovens, os mais atingidos pelo movimento, para o próprio Município de Fortaleza, o Estado e de resto o País, que mais distantes ainda ficam da realidade mundial, visto ser o estudo, a qualificação, o conhecimento, na sua expressão mais ampla, as condições essenciais para o sucesso pessoal e o crescimento das Nações.
Ambiente
Os mais pobres de Fortaleza estão sendo vitimados pelas greves anunciadas que, houvesse o compromisso social dos governantes e legisladores, além de uma ação pró-ativa dos segmentos outros da comunidade local, talvez não estivéssemos a reclamar da violência sentida atualmente por eles, além de estar melhor a perspectiva de um ambiente mais promissor para todas as famílias no amanhã.
Talvez nem todos saibam, inclusive aqueles cujos filhos, netos, sobrinhos e parentes outros frequentadores da escola particular, cujas aulas de 2011 começaram no fim de janeiro ou começo de fevereiro, que os estudantes pobres de Fortaleza nem sequer iniciaram este ano letivo, e mais, em razão de outros movimentos paredistas, os últimos anos foram significativamente prejudiciais às suas atividades escolares, posto deixá-los bem atrasados em relação aos demais jovens da mesma faixa etária, mas estudantes da escolar particular, diminuindo, consideravelmente suas condições de competição para ingressarem nas escolas superiores.
A Câmara Municipal de Fortaleza ficou totalmente paralisada, em suas atividades plenárias, desde a última terça-feira, em razão da greve dos professores. É um fato denegridor à nossa democracia, essa situação, não só pelo atentado ao Legislativo, um dos pilares do Regime Democrático, mas, também, pelo desrespeito às famílias das crianças e jovens necessitadas da escola pública municipal, tolhidos do direito de ter o benefício da escola.
Silentes
Nos últimos dias, pouco ou quase nada se ouviu ou viu em defesa de um dos direitos garantidos constitucionalmente ao brasileiro, sobretudo os mais pobres, impossibilitados de adentrarem à escola particular, onde estão todos os que podem pagar o que lhes é cobrado e alguns outros, embora pobres, sacrificados para garantirem educação a seus filhos.
Vereadores e deputados estaduais, inclusive e sobretudo aqueles integrantes das comissões de educação das duas Casas, omissos e silentes permanecem, desconhecendo os direitos dos estudantes, das suas famílias, e a obrigação do Poder Público, de que fazem parte. Estão submissos às partes causadoras da calamidade na escola pública municipal, contribuindo para ampliar o quadro de miseráveis. A sociedade, na sua parte hipossuficiente nunca esteve a reclamar tanto a atenção dos que devem zelar pelos seus interesses do que agora.
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